03 agosto 2005

Tiago Brás, Guardiões

Os guardiões são aqueles que muitas vezes ficam horas a olhar pelos bens dos outros... Apesar de nada terem em comum com os “donos”, vão sendo gradualmente acarinhados e sentidos como “companheiros”, sendo-lhes confiada a árdua tarefa de guardar e olhar pelo que não é seu. Essa tarefa é recompensada, não só, com uma moeda, mas também, com o cumprimento matinal e um “obrigado” pelo seu reconhecimento. Embora a pesada discriminação se faça sentir, sendo evidente nos olhares de quem passa, os guardiões por lá permanecem...

Tento por este meio (fotografia), através de retratos e pequenos pormenores, poder tocar naqueles que estiverem dispertos para a receber, atraindo-as para um questionamento interior. Este é um “problema” que tantas vezes nos cruza, e que raramente o queremos ver.
Os segmentos de vida destas pessoas (denominados vulgarmente por “arrumadores de carros”) serão descobertos através das imagens apresentadas que refletem a árdua vida da rua, onde as condição humana é postas à prova.
O álcool assume-se muitas vezes como o melhor amigo... “O álcool funciona como um muro para nos proteger e não sentirmos o que na realidade somos” (sic.).
É esta realidade que tento documentar mostrando o dia-a-dia de um mundo tão diferente do nosso mas, simultaneamente, tão perto. Assim, tento alertar e provocar nos espectadores uma reflexão introspectiva sobre quem pertence a Lisboa, mas que raramente é aceite.

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