26 setembro 2005

Sandra Sá, olhar a rua a olhar

Existe uma Lisboa para além do meu, que faço nosso, olhar. Uma Lisboa que se mostra no acutilante ângulo dos edifícios com o solo que os sustenta. Ângulo que reflecte uma luz que ofusca a ponto de se não ver. Pretendo fotografar esses ângulos rectos que são de Lisboa mas que ninguém vê ou nota. Quero procurar o pasmo de reconhecer o chão que pisamos ao passar; fotografá-lo no sentido de sustento da vida em Lisboa. Alguns pormenores vou encontrar de tão óbvios (outros não!) que se apresentam ao olhar que sempre teima em se desviar. Interessa-me este descobrir descritivo e com esse objectivo pretendo também captar e cessar, apenas por breves instantes, o movimento do comum andar dos transeuntes como intervenientes nesses locais e nesses momentos.
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