14 novembro 2005

Paulo Almeida, «a busca de calipso»

O meu trabalho incide levemente numa das personagens do épico “A Odisseia” de Homero.
Neste caso a personagem central não é “Ulisses” mas a Deusa que habitava em Lisboa: “Calipso”. Esta Deusa/Ninfa apaixona-se pelo navegador, quando este atraca em Lisboa, e com a sua beleza e encantos, tenta seduzi-lo a ficar. “Ulisses” não evita o seu destino de viagem errante, resiste e parte de volta a “Ítaca”,. “Calipso” fica para sempre destroçada.
A história de “Calipso” representa desejo, amor fugaz, partida, e a inevitável espera com os olhos colocados no horizonte. Um fado no expoente máximo da palavra.
Assim como “Calipso”, Lisboa cresceu construída por histórias de grandes amores, desencontros e esperas.
A minha interpretação estabelece um paralelismo entre “Calipso” e Lisboa. A Deusa/Ninfa regressa personificada como uma Mulher/Luz que durante a noite vagueia sem ser vista pelas ruas despidas de Lisboa. O seu olhar distante encontra conforto na cidade e nas suas luzes.
A lanterna sobressai e ilumina, por entre as milhares de luzes de Lisboa, a noite escura no mar, a luz fusca e distante como ponto de referência, sempre presente para quando um dia “Ulisses” regressar.

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