04 julho 2006

Imagine Conceptuale III

Que percepção terá da fotografia uma pessoa que não vê, ou que vê muito pouco?
O fotógrafo Luís Rocha decidiu interpelar sobre o assunto a Associação Promotora de Emprego para Deficientes Visuais (APEDV), e o resultado foram dois cursos para pessoas com deficiências visuais extremas, que tiveram início na Oficina de Fotografia entre Maio e Julho de 2003.
O entusiasmo de poder “aumentar o real” até um ponto em que se torna perceptível - mesmo para um amblíope em alto grau - aliou-se ao aliciante “conceptual” de produzir um objecto artístico cuja comunicação com o público se desse exactamente através do sentido que o seu autor menos domina - a visão. O resultado foi um empenho fortíssimo, uma atenção desmesurada e um quotidiano cheio de novas descobertas: podemos fotografar o que ouvimos, o que sentimos, até o que imaginamos (a partir das descrições que nos fazem do real)! Podemos produzir imagens que, ainda que não tenham nascido de uma conceptualização puramente visual, são visualmente significantes para quem as olha, e transmitem através do olhar aquilo que pode ser a sua ausência.
No ano de 2006 o Imagine Conceptuale integra-se no projecto global do MEF-Movimento de Expressão Fotográfica - DAS/CML, sob a designação projecto_Lisboa.
Nesse âmbito, os alunos vão revisitar as suas memórias visuais (do tempo em que viam bem) para a criação de conceitos imagéticos sobre as suas imagens.